“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”.
Esta frase está no túmulo de Kardec, e contém basicamente os ensinamentos da Doutrina Espírita.
Aprendemos, desde que começamos a estudar o espiritismo, que a verdadeira vida é a espiritual, passamos por períodos encarnados, para tentar por em prática o que estudamos teoricamente enquanto estamos no plano espiritual.
No livro “Obras Póstumas”, na primeira parte, item 20, está registrado: “A vida normal dos Espíritos é a espiritual, que é eterna; a corpórea é transitória e passageira, um verdadeiro instante na eternidade”.
Se assimilarmos seus postulados, entenderemos que não há nenhuma razão para o apego as coisas materiais, tais como: Propriedades, títulos, bens, etc. Tudo o que usufruirmos será sempre um empréstimo de Deus para que possamos progredir espiritualmente.
No entanto, mesmo muitos espíritas vivem apegados as coisas da terra, à sua casa, seus bens e até a sua vida, tem tanto medo de morrer que não se pode nem falar em morte perto deles. Na verdade como vimos a morte não existe, o que há é uma transformação, é o retorno a vida real. É evidente que não devemos procurá-la, mas jamais temê-la.
Sócrates, o filósofo grego que viveu cerca de quinhentos anos antes de Jesus, tinha nos seus ensinamentos muitos pontos coincidentes com os postulados da Doutrina Espírita, procurava passar para seus discípulos esta visão, mostrando a necessidade de se desapegar dos bens e objetivos materiais. E por viver e ensinar assim, foi condenado a tomar veneno.
Nos momentos que antecederam o sacrifício de Sócrates, ele mantém um diálogo muito interessante com seus seguidores, comentando o acontecimento. Entre outras coisas Sócrates diz: “Por ser apegado as coisas da matéria, por temer a morte, o desconhecido, o homem comum faz guerra, encontrando aí o que queria evitar, enquanto que o filósofo sabendo que o corpo é um empecilho para o ser humano conhecer a verdade só pode aguardar com tranqüilidade este instante”.
Se hoje o homem comum, não mais faz guerra, faz porém de tudo para ser feliz nos negócios, no casamento, na saúde, até porque acredita que a felicidade está do lado de fora, quando na verdade ela é interna, é de dentro para fora.
E para isto busca todas as formas para descobrir o futuro, procurando cartomante, tarô, quiromancia, horóscopo, e até infelizmente, algum centro espírita, mal estruturado que acredita poder prever os acontecimentos, para a única coisa que, desde o instante que nascemos temos a certeza irá acontecer, embora não saibamos a época, nem as condições, ele não quer nem ouvir.
Não há nenhum erro em procurar ser feliz, devemos viver o melhor possível, o que não se deve é esquecer que somos espíritos e que aquela é a vida real, o que estamos vivendo é uma situação passageira, por mais longa que ela seja, será sempre efêmera na eternidade do espírito.
Por isso precisamos nos preparar para a “grande viagem”, como dizem alguns, ela é inevitável, e o que vamos levar na nossa bagagem?
Bens materiais, família, títulos, tudo isso ficará aqui, o que levamos é o que temos no coração, o bem que fizermos, a amizade, o respeito, o verdadeiro amor que soubermos dedicar a todos os que cruzarem o nosso caminho, lembrando sempre que o amor não exige reciprocidade, ninguém é obrigado a nos amar só porque temos grande afeição por ele.
Lembrando ainda, que retornaremos a este mundo, procuremos então fazer tudo o possível para que ele melhore, afim de que no nosso retorno possamos encontrá-lo melhor do que neste instante, vamos fazer a nossa parte, vivenciando e exemplificando o amor que Jesus ensinou e viveu, amando sem exigir nada em troca, fazendo o bem sem buscar recompensa, assim fazendo tenhamos a certeza que seremos muito bem recepcionados quando chegar a nossa vez de partir, então o faremos sem medo, sem trauma, deixando saudades naqueles que conviveram conosco.
Joaquim Soares (Juca)