Deus não nos põe em prova para ver se podemos ou não tal coisa, mas nos põe em prova para que nós nos conheçamos e exercitemos a dificílima tarefa de sermos melhores.
No próprio meio espírita ouve-se dizer quando algo desconcertante acontece de que é Deus nos provando, para ver se nós somos bons, humildes, pacientes, verdadeiros. Ora, se admitimos que Deus é onipotente e de inteligência suprema, logo Ele não tem necessidade de nos provar em nada, pois que já sabe. Logo, o que chamamos de provação divina nada mais é do que uma maneira que Deus encontrou para que nós nos provemos; para que nós percebamos onde estão nossas falhas, no que temos que melhorar, para que enxerguemos que ainda não somos tão bons, pacientes e cristãos como pensamos e possamos trabalhar para sermos.
Os desassossegos da vida são como exercícios que nos permitem colocar em prática nossa tolerância, nosso amor, nossa fé, nossa caridade, para que tenhamos um procedimento mais de acordo com o que estudamos e pregamos. Pois, como saber se estamos preparados para as grandes renúncias se nunca fomos chamados a renunciar, se podemos perdoar se nunca nos fizeram nada de mal, se amaremos o inimigo se todos são nossos amigos ou se podemos nos unir como irmãos na obra do Cristo se todos pensam em uníssono.
A crise econômica mundial colocou o mais rico país do mundo em recessão. Deus os prova? Vejamos que os Estados Unidos da América era a nação mais consumidora do mundo, um país onde “vencer na vida” é ter bens materiais. Agora sua população tem que pensar menor, no que é essencial na vida, quais as verdadeiras necessidades do ser humano para ser feliz, precisa se contentar com o pouco e descobrir que é o suficiente. Os conceitos tiveram que ser refeitos e as atitudes repensadas. Deus os prova ou coloca um país inteiro em exercício de humildade e resignação que levará a um crescimento espiritual coletivo?
Estejamos certos que se pedimos paciência alguém tentará nos aborrecer, se pedirmos humildade nosso orgulho será ferido, se pedirmos harmonia as diferenças aparecerão e se pedirmos a caridade seremos chamados a nos doar sem questionamentos. Sem exercícios físicos os músculos não se desenvolvem, sem exercícios morais o espírito não evolui.
Quando Paulo de Tarso abraçou o cristianismo, ou seja, resolveu se modificar, ao invés de aclamado foi expulso, abandonado e humilhado. Tudo porque não é só querer ser melhor ou ler o evangelho para que ocorra uma transformação, é preciso que experimentemos na prática os males para termos a oportunidade de pagar com o bem.
E é no trabalho que Deus encontra o meio propício ao nosso treinamento. Pessoas, situações, obstáculos, boa ou má vontade. O cristão é posto a prova. Então percebemos o quanto somos ainda pequenos em bondade e em amor. Se soubermos nos avaliar e tivermos a humildade de recomeçar relembrando o Mestre em cada gesto nosso, nós estaremos finalmente saindo da teoria e indo á prática cristã.
Que possamos agradecer a Deus cada pequeno ou grande exercício em que nos coloca, lembrando-nos que nenhum fardo é maior que nossas forças e que com Jesus o jugo é sempre leve.
Sabrina Romano