Alan Vilches conversa sobre seu trabalho! - 07/12/2011

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Alan Vilches conversa sobre seu trabalho! - 07/12/2011

 

Em 07/12/2011 o Grupo da Paz contou com a palestra musical do tenor Alan Vilches que emocionou a todos com sua voz. Nessa pequena entrevista ele nos fala sobre sua carreira e a relação do seu trabalho com a Doutrina Espírita.

GP - Você é de família espírita e sua mãe te deu esse nome em homenagem a Kardec. É isso mesmo?

AV - Na verdade sou de família espírita por parte de minha mãe. Meu pai é de família católica, então no inicio da nossa infância e adolescência nós tivemos um pouco das duas orientações. Meu pai nos direcionou também para a igreja católica. Eu fui batizado, fiz crisma. E foi depois dos doze anos de idade que eu comecei a ter mais contato com a Doutrina Espírita, quando nós conhecemos o trabalho dos obreiros da vida eterna que fica lá em Carapicuíba na nossa cidade. Foi nesse ponto que na verdade eu me envolvi com a Doutrina Espírita; antes disso era mais uma referência e o nosso trabalho com o catolicismo.

GP - Você antecipou a próxima pergunta Doutrina Espírita sempre foi aceita por você de forma espontânea ou a compreensão da Doutrina veio depois? Então, como você disse foi na adolescência...

AV - Na verdade eu não tive contato com a Doutrina Espírita até os doze anos. Quando minha casou-se com meu pai eles mudaram do interior de São Paulo para cá. E minha mãe acabou tendo que incorporar um pouco do catolicismo porque entrou em uma família católica. Ela deixou a família no interior e veio pra São Paulo e foi incorporada em uma família católica. Só depois do desencarne de minha avó que ela teve mais liberdade, mais tempo, mais disponibilidade, que ela foi conhecer onde eram as casas espíritas na região onde moramos ali em Carapicuíba e Osasco. E aí ela conheceu o trabalho do núcleo espírita Obreiros da Vida Eterna e foi aí que acabei acompanhando-a e entrei no grupo de mocidade por lá e começamos um trabalho na doutrina.

GP - Como a música se apresentou a você. Quando percebeu a sua vocação?

AV - É impressionante, mas tudo aconteceu nessa fase. Entre os doze e catorze anos muitas coisas aconteceram conosco. Primeiro eu fui pro grupo da mocidade. E acho que no ano seguinte meu pai comprou um equipamento de som numa loja e nós ganhamos de brinde pela compra do equipamento um cd de ópera. Acho que não vendia na loja e disseram “dá esse cd de brinde pra eles”, e como era a única coisa que eu tinha pra ouvir no aparelho eu acabei colocando, ouvindo e me identificando com aquilo. Eu pensei “nossa que legal” e aí começamos a imitar aqueles cantores e a primeira oportunidade de apresentação pública que eu tive foi no grupo de mocidade onde entre os estudos que eram realizados do evangelho, do livro dos espíritos, a gente se apresentava artisticamente, uns atuando, outros recitando alguma poesias, e alguns cantando, foi o que aconteceu e partir desse primeiro impulso os amigos disseram " nossa você canta ópera, não sei o que”, e me levaram, me indicaram um conservatório da região e foi aí que eu comecei a estudar a música clássica.

GP - Como foi que a Doutrina Espírita influenciou seu trabalho?

AV - Pois é, eu não sei se só a Doutrina influenciou o trabalho musical ou se o trabalho musical influenciou um pouco na Doutrina. Porque as coisas sempre andaram muito paralelas, o trabalho na mocidade, as músicas, aí eu comecei a participar de eventos onde eu podia cantar e aquilo me deu mais motivação para continuar estudando a Doutrina Espírita.

Foi mais ou menos no ano de 1995 onde estávamos em um a situação mais tranquila no núcleo, eu dirigia os trabalhos do núcleo de coral lá da casa e aí eu conheci a Paula Zamp, nós tivemos a oportunidade de nos conhecermos e foi ela que acabou indicando algumas casas para também realizarmos esse trabalho com música e a partir daí não paramos mais.

Como o trabalho vai aumentando, nossa capacidade intelectual também tem que aumentar, tem que ter mais certeza do que fala tem que estar mais embasada cientificamente e aí o estudo acaba sendo mais fortalecido pelo trabalho que a gente realiza no movimento espírita.

GP - Como é a receptividade dos espíritas pelos lugares que você se apresenta com essa palestra musical. Você já chegou a perceber alguma resistência a seu trabalho?

AV - Não. É impressionante, mas posso dizer que não. Porque na verdade é um trabalho voluntário e nós só nos apresentamos nas casas onde as pessoas nos convidam, então é difícil eu chegar numa casa onde as pessoas não querem que se você cante porque provavelmente eles já querem nosso trabalho musical. Algumas personalidades, alguns amigos do movimento espírita, a Paula Zamp, o Moacir Camargo, a Célia de São Vicente, que começaram esse trabalho muito antes do que eu, eles dizem que a princípio havia uma certa resistência pois as casas eram muito focadas no estudo, e não tinha essa questão de “vamos receber a arte, a pintura, a música”, e eu até acredito que eu não tenha encontrado essa resistência assim por conta do trabalho desses amigos que abriram as portas para que esse trabalho fosse aceito.

GP - Nós espíritas falamos muito de vibrações, vibrações mentais, mas a música também vibra e estudos comprovam que deficientes auditivos conseguem perceber as vibrações da música tanto quanto pessoas sem essa deficiência. Podemos ouvir a uma ópera e mesmo assim entender, mesmo sem saber a língua italiana, nós gostamos e nos emocionamos. Será que vem daí o conceito que alguns têm de que a música fala um linguagem universal. Você sente, percebe essa capacidade, essa característica da música em falar?

AV - Sim, até além disso, porque a musica ela está expressa em todos os elementos da natureza, a gente separou um pedacinho dessa música que está na natureza e materializamos um pouco mais ela para que as pessoas tivessem essas percepção. Por exemplo, os pássaros quando cantam. Eles não precisaram aprender com o cantores de ópera. O barulho que se faz, o som que é proveniente das folhas de uma árvore e tudo mais que a gente observa por aí já é música. O próprio planeta na sua trajetória universal ele tem uma rotação e essa rotação gera movimento e esse movimento gera uma nota. Então já foi comprovado o planeta está na nota Lá, é lógico que num padrão muito maior pelo tamanho do globo.

Mas, tudo é música. O que a gente faz quando canta é tentar gerar um pouco dessa vibração para movimentar outros materiais porque as nossas células são movimentadas também por música, nosso átomos, música que eu digo são vibrações. Quando nós cantamos, e isso foi comprovado cientificamente a gente consegue ate mesmo alterar algumas movimentações dos átomos, dos elétrons. Experiências diversas já foram feitas com a molécula da água e a as pessoas já tem experimentado essa características. Então, quando nos cantamos na casa espírita não é com certeza pra realizar um show musical ou pra entretenimento, mas é para que as pessoas se emocionem e através dessa energia eles consigam criar um mundo melhor baseados naquela emoção que estão sentindo ao observar o que vai acontecendo. E aí tem toda uma característica de ligação com a espiritualidade, as pessoas esquecem os problemas e sente-se mais em paz. Isso tudo a música faz. A música não é solução pra nada, é uma ferramenta disponibilizada por Deus como tantas outras pra que a gente possa se sentir um pouco mais feliz e mais inspirado na nossa trajetórias.